terça-feira, 8 de setembro de 2009

AÇORES - o atum sustentável ou a grande fraude?

AÇORES

"O atum e o bonito de Santa Catarina, da fábrica homónima situada na ilha de São Jorge, nos Açores, é pescado à linha e como tal sustentável. Para além de ser um dos melhores atuns enlatados do país...Encontra-se à venda nos supermercados do continente."

Este comentário, que IGY enviou no último post sobre ceviche, encheu-me naturalmente de alegria. É bom vermos que, afinal, nem tudo é negro.

Pena que, normalmente, nestas áreas as alegrias são breves. E foi!

Infelizmente, a realidade é bem outra: A Santa Catarina fechou há um ano por falta de atum, recebeu subsídio do Governo (Portaria n.º 414/2005 de 27 de Setembro ) para estabelecer uma fábrica em S. Tomé e Príncipe de modo a explorar as espécies locais aparentadas (atum fulo-fulo), passou a trabalhar com atum importado de Espanha, pescado onde os espanhóis o forem comprar, no Atlântico não será por certo, e estabeleceu acordos com a COFACO (Atum Bom Petisco) para lhe fornecer matéria-prima das suas importações e capturas africanas.

A Cofaco (Bom Petisco), tem um marketing poderoso e ostenta para o grande público uma fachada de inocência e consciência ambiental cheia de "certificações" e "amizades ao oceano", dizendo que o atum é pescado artesanalmente no mar dos Açores, etc. embora na verdade faça estas aquisições através de terceiros (a Santa Catarina) pois a verdade é que já não há atum em quantidade credível nos Açores.

Para que não fiquem dúvidas ficam aqui os links:

http://videos.sapo.pt/TaVIWvQTQO1e7DFZz65w

http://ww1.rtp.pt/acores/?article=9752&visual=3&layout=10&tm=5

http://www.azoresglobal.com/canais/noticias/noticia.php?id=790

http://www.bompetisco.pt/ecologicalConcern.html

Peixe sustentável é aquele cuja captura não destrói o meio ambiente e o ecossistema marinhos e garante a subsistência das populações costeiras que vivem da pesca.


Sendo 70 por cento do peixe comercializado em Portugal vendido nas grandes superfícies, a sua capacidade para influenciar o modo como a indústria de pesca opera é crucial para a salvaguarda sustentável, quer das espécies, quer das pescas.

Os supermercados deveriam retirar das prateleiras espécies cuja captura (no caso do peixe selvagem) ou cultivo (no caso do peixe de viveiro) tenha um impacto negativo no ecossistema marinho e avaliar se as espécies que vendem são provenientes de stocks que estão gravemente ameaçados.
Entre estas contam-se algumas das mais vendidas em Portugal, como o bacalhau do Atlântico, o atum, o linguado, o peixe espada branco, salmão, tamboril e várias espécies de pescada e camarões.

Portugal, enquanto um dos maiores consumidores mundiais de peixe per capita, pode desempenhar um importante papel na defesa da sustentabilidade da pesca e dos oceanos.

1 comentário:

Ana Loura disse...

Caro Luís

Como saberá o atum é um peixe que migra. A sua captura cá é absolutamente sazonal. Há anos de boa safra e outros de péssimas. O certo é que os peixinhos já não chegam para as encomendas. A captura é feita pelo método de "salto e vara" que eu acho sanguinário. (bem que eu ando a ameaçar tornar-me vegetareana, mas está tardando) Eu apenas compro atum de conserva da Corretora, não garanto que seja produzido apenas com atum "açoriano" mas eu finjo que sim

Abraço
Ana